Quem és?
–
Quem és? Conheço-te?
–
Se pensares bem, lá no teu íntimo perceberás que sim. Porque choras?
–
Não tens nada a ver com isso. De onde vens? Como vieste aqui parar?
–
Do mesmo sítio de onde tu vens. Creio que foste tu que me chamaste.
–
Eu sou a luz quando se apaga e sou oriundo de mim mesmo. Repito: quem és e de
onde vens?
–
Eu sou a luz quando se acende e sou oriundo de ti mesmo!
–
Fizeste-me rir, mas não devia, não estás a ter piada.
–
Pois, agora sorris, quando há pouco choravas. Quem terá então sido então
impiedoso ao ponto de te fazer chorar?
–
Chorava por ser o que sou, continuo chorando por dentro. Quero ser luz, quero
deixar de ser quase luz. Sorri por me teres iluminado com a tua aparição, nem
que por momentos.
–
Chora! Não sorrias. Chora!
–
Ninguém me diz que deva chorar. Por que é que tu o fazes?
–
Porque só assim te lembrarás de que um dia não foste luz. Sorrindo banalizas o
momento negativo por que passas, sorri quando tens que sorrir, chora quando
tens que chorar.
–
Obrigado. Estás a fazer-me bem, pese embora não me dizeres quem afinal és.
–
Obrigado eu por me teres chamado, mas agora terei que voltar. Tu sabes quem eu
sou, estarei sempre em ti. Adeus.
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